Complete a frase: Quem trai é... canalha, pecador ou doente?
- Bruna de Campos
- 3 de jun.
- 2 min de leitura
Uma série de textos que desarma rótulos e abre espaço para pensar, de verdade, o que significa trair.
Sempre que ouvimos que algum relacionamento acabou, as pessoas já pensam em traição. Sempre que alguém trai, parece que precisamos encontrar uma categoria onde essa pessoa possa caber. Canalha? Pecador? Doente?
Um nome.
Um rótulo.
Um veredicto.
Se a relação estava ruim, dizemos que a traição foi consequência.
Se a relação estava boa, corremos para a religião ou para a psicopatologia.
É pecado.
Ou é transtorno.
Canalha.
Pecador.
Doente.
Escolha seu favorito.

Mas será mesmo que a infidelidade sempre precisa caber em uma dessas molduras?
E mais: será que precisamos, de fato, escolher entre um julgamento moral ou um diagnóstico clínico para entender o que aconteceu?
Acontece que nem todo mundo trai porque está em crise. Nem todo mundo trai porque é mau caráter. E nem todo mundo trai porque tem um diagnóstico psiquiátrico.
Às vezes, as pessoas traem... porque estão procurando a si mesmas.
Porque se perderam.
Porque querem sentir algo que não conseguem explicar.
Porque querem lembrar que ainda podem provocar desejo.
Porque querem, por uma noite, sair de si.
É desconfortável pensar nisso, eu sei. Afinal, se não foi culpa do relacionamento, nem do outro, nem de um transtorno... então foi o quê?
Foi humano.
Foi contraditório.
Foi confuso.
E, muitas vezes, só depois da crise — quando o escândalo já não grita e o silêncio se instala — é que o verdadeiro motivo começa a emergir.
O ponto de virada sempre está: quando a pessoa para de perguntar "o que foi que eu fiz com meu relacionamento?" e começa a perguntar "o que foi que eu fiz comigo?"
Hoje, inicio uma série de textos onde quero refletir sobre isso. Sem clichês. Sem receitas. Sem condenações fáceis.
Quero falar sobre o que ninguém gosta de admitir: os motivos reais por trás de uma traição.
Porque, no fim das contas, talvez o mais difícil não seja entender o que você fez com o outro.
Mas o que você fez consigo mesmo.
Clique e leia os textos dessa série:
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