"Eu traí e agora?" Calma. Nem tudo está perdido.
- Bruna de Campos
- 30 de mai.
- 3 min de leitura
Trair não te transforma automaticamente em um canalha.
Mas negar o que te levou até lá pode sim te manter emocionalmente raso.
E antes que você diga que foi “só uma escapada”, “um momento de fraqueza”, ou — o clássico — “nem foi com sentimento”… respira.
Você não está em um tribunal, mas também não está mais na fase de se contar historinhas para dormir.
Se a sua situação é "Eu traí e agora?". Senta aqui. Vamos conversar de gente grande.
A traição foi o sintoma, não a doença.

Ninguém acorda e simplesmente pensa: “hoje eu vou trair porque sim”.
A traição vem depois de pequenas ausências — de si, do outro, da relação.
Ela costuma aparecer quando você se perde de você mesmo. Quando começa a virar apenas o que esperam que você seja.
Às vezes, você não queria outra pessoa.
Você só queria outra versão de si.
Mais desejado.
Mais vivo.
Mais corajoso.
Mais… você.
O problema? É que você foi se buscar no corpo de alguém que não te conhece — e deixou pra trás alguém que te amava. Isso dói. Em você. E no outro.
Mas vamos com calma: errar é humano. Repetir sem entender, é burrice emocional.
A culpa que você está sentindo pode ser o começo da sua reconstrução.
Mas só se você parar de se colocar no papel de vítima do tédio conjugal e assumir que, por mais que a relação estivesse morna, quem decidiu sair do fogo foi você.
E não — não estou aqui pra te bater.
Aliás, se você chegou até esse blog depois de comprar meu eBook, já ganhou pontos por não querer mais se esconder.
Mas agora que a poeira da adrenalina baixou, vamos ao que interessa:
o que você vai fazer com tudo isso que sente?
Porque culpar o cansaço, a rotina, a falta de sexo, a sogra, a política e o Mercúrio retrógrado não vai te tirar do lugar.
Olhar para dentro vai.
Você já parou pra se perguntar o que estava morrendo em você antes da traição?
Talvez tenha sido a admiração.
Ou o desejo.
Ou a leveza de um domingo sem discussões sobre quem vai limpar a pia.
Talvez tenha sido você mesmo.
Sumindo, aos poucos, entre contas, filhos, agendas e promessas não ditas.
E aí, um dia, você se sentiu vivo com alguém que te olhou diferente.
Te desejou sem precisar pedir.
Te fez rir sem roteiro.
E você acreditou, por um segundo, que isso era liberdade.
Mas liberdade mesmo é conseguir se olhar no espelho depois.
É se transformar a partir do erro.
É sair da superficialidade das desculpas fáceis e entrar no desconforto da reconstrução.
Você não é só o que fez. Mas é o que faz com o que fez.
É isso que eu quero que você entenda:
A traição pode ser o fim de um capítulo — ou o começo de uma nova versão sua, mais consciente, mais inteira, mais honesta.
Mas só se você tiver coragem de sustentar a própria verdade.
Com ou sem o outro.
Com ou sem perdão.
E, por favor: não diga que foi “só sexo”.
Porque não existe nada mais emocionalmente burro do que reduzir uma traição a hormônios.
Não é falta de sexo.
É falta de sentido.
E sentido não se acha lá fora.
Se constrói dentro.
Leu até aqui? Então você já começou.
(O resto, a gente conversa na terapia.)
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