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Quem trai é canalha, pecador ou doente?

  • Foto do escritor: Bruna de Campos
    Bruna de Campos
  • 3 de jun.
  • 2 min de leitura

Episódio 1 – Blindados, mas traídos mesmo assim


Tem gente que acredita em casamento blindado como quem acredita em carro-forte: à prova de qualquer ataque.

Tem manual. Tem fórmula. Tem curso. Tem até slogan evangélico: “homem de barriga cheia e saco vazio não trai”.


Parece que é só saber fazer um estrogonofe decente e dominar umas três posições do Kama Sutra que tá tudo certo.


E aí a vida real vem com aquela rasteira elegante: o tal marido “blindado” se apaixona pela colega do coworking que mal sabe fritar um ovo. Ou a esposa “cristã e submissa” manda um nude pro personal trainer porque, afinal, alguém precisava notar que ela ainda está viva.


Nos vendem essa ideia reconfortante de que existe um combo antifraude do casamento: boa conversa + vida sexual ativa + DR todo mês + culto no domingo. Se seguir tudo direitinho, dizem, o casal entra na categoria dos intraíveis.(Aposto que essa palavra vai virar curso em 3, 2, 1...)



Mas e quando tudo parecia bem? Quando não havia brigas, sexo acontecia, havia carinho, rotina, até risadas?Pois é. É aí que o caldo entorna.


A sabedoria popular — com a sensibilidade de um trator — trata logo de oferecer um diagnóstico:

“É narcisista.”

“Tem transtorno de apego.”

“É doente.”

Ou, se a vibe for gospel:

“Se desviou do caminho.”

“Deu brecha pro inimigo.”

“Faltou jejum.”


A verdade é que é sempre mais fácil culpar o tempero do jantar ou o tempo da transa do que lidar com as partes invisíveis que racham por dentro.

Porque talvez a traição não tenha sido por fome, nem por tesão — mas por falta de si mesmo.


Às vezes, o que se busca fora do casamento não é um corpo. É um reflexo. Uma lembrança de quem se era antes de virar só “pai de família” ou “mulher do fulano”.

É menos sobre fazer sexo — e mais sobre se sentir desejável, vivo, interessante de novo.

Porque o “eu” que a gente era antes da fatura, da mochila da escola e do boleto do plano de saúde… esse “eu” começa a fazer falta.


E o problema da fórmula mágica é que, quando ela falha, a culpa recai sobre quem seguiu o manual direitinho.

“Mas eu fiz tudo certo…”

Pois é. Fez mesmo. Mas casamento não é receita de bolo.


Casamento é terreno instável.

Mesmo quando o alicerce é bom, tem dias que a chuva vem, a terra cede, e a gente precisa olhar para onde está afundando.

Por isso, vamos sair um pouco da busca por culpados — e entrar na busca por significado.

Porque entender o “que houve” é só o começo.

A pergunta que realmente move a cura é:

“Por que isso aconteceu?”


E se você chegou até aqui se perguntando se seu casamento está blindado… a resposta é: Talvez esteja.

Mas o que protege mesmo não é o escudo.

É o espelho.


Leu até o fim? Então você já começou.

(O resto, a gente conversa na terapia. Clique aqui e agende seu horário!)

 
 
 

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